VELHO AMIGO

Final de dia... Vento teimoso...
recorro a coxilha entre potreiro e corredor
para encontrar meu velho amigo...
e o meu eu interior.

Assim quando fujo de mim
tenho tua companhia neste prosear...
e fico a cismar olhando no infinito
o que estás a pensar.
Será que estás a rememorar
o canto sonoro da calhandra
que todo dia habita teus braços
a imitar quem passa no teu costado...
Ou a relembrar os berros dos touros
nas tardes de outubro,
abrindo riscos e covas na pampa
demarcando imensidão de terra
a chispaços de casco e guampa?

Talvez relembre os frios invernos de agosto,
quando o vento assoviando em tuas “grimpas”
ia compondo melodias distintas;
E, sem importar-se com a geada
que vinha a queimar o pasto
era - Fonte de vida e abrigo –
seguindo assim rijo e inerte, velho amigo.

Será que estás recordando as tropeadas?
As coplas singelas do velho tropeiro
repontando o gado sinuelo,
ou os aboios daquele que na culatra
da tropa cruzando campo em flexilha
passa sem importar-se com a tua presença
no alto desta coxilha?
Deve estar a lembrar do piazito,
que vem buscar o fruto que tens a ofertar...
Ou as ovelhas que batem as “grimpas”
e, ao seu pé buscam a semente!

Que pensas tu sobre os cavalos?
Os fiéis parceiros do campeiro,
que nos escaldantes verões
buscam teus braços para repousar?

Meu parceiro,
que alegria abrigar-me das chuvas contigo,
e poder compartilhar versos e guitarreadas
nas mornas tardes outoneiras
ou nas tardes longas de primavera.
Sim, velho parceiro de mate
o quanto me aqueceu
nos gelados invernos pampeanos!

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Gracias velho amigo!!
Hoje, quando me encontro na cidade
longe do meu amigo interior...
essas lembranças vão escarceando ao léu!
Querência, perdão por essa saudade sem fim!
Pois quando volto à coxilha renasço no corredor
e vejo de alma lavada meu velho amigo assim...
de braços abertos esperando por mim!

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