Pelas Frestas da Infância

Matreiro,olhar desconfiado
É claro!criado “solito”
Lembro daquele “piazito”
Retoçando em frente   “as casa”,
Ah!o tempo bateu asas
Pois andeja livremente,
E o “cristãozinho” inocente
Pelas frestas da infância
Hoje “bombeia” a distância
Entre passado e presente.

Num trotezito miúdo
Volta e meia disparava
Negaceando quem chegava
Pra pedir pouso na estância,
Pois na minha ignorância
Pra dizer bem a verdade,
Era tudo novidade
Mal conhecia este mundo
Criado naquele fundo
Aos dois,três anos de idade.

“Pelechei”,firmei o passo
Desmamado e “muy” arteiro
Da imaginação, parceiro!
Fazia sempre um joguete,
“Floxei” muito cavalete
Domando lá no galpão,
“Os potro” eram “magretão”
Igual,levei muito tombo
Quando saltava no lombo
E as garras iam pra’o chão.

“Taludito” e mais roceiro
Brincando sempre sozinho
Eu era mesmo daninho
Só aprontava,escondido,
E pra escapar do castigo.
Toda vez que me pisava,
Ressabiado, mal chorava
Sabendo que na cozinha
Mamãe tinha uma varinha
E volta e meia me pegava.

Retovado,caborteiro e...
Com gana de ser pachola
Ganhei um laço de “piola”
E só pra não perder o embalo
Podendo,botava um pealo
Num cordeirinho baldoso,
Desses “guachito’ mimoso
Que vivia me amolando
Mas se alguém tivesse olhando
Eu era muito carinhoso.

Ah!o tempo bateu asas
Mais uns anos se passaram
Meus “curnilhos” despontaram
Fui largando as brincadeiras,
Saindo pra abrir porteiras
E conhecendo as “volteadas”,
Sombrero de aba tapeada
Pra ver tudo direitinho
Sobre “as cruz” dum peticinho
Igual a mim,pata pelada.

Rapazote,carrancudo
Peguei gosto pelo serviço
Joguetes,viraram ofício
Me tornara índio campeiro,
Peão,domador,tropeiro
Virei pau pra toda obra,
Sou taura que se desdobra
E sempre de cabeça erguida
Pois me criei nessa lida
Conhecimento me sobra.


Certa vez,cruzando estrada
Na janela de um “ranchito”
Vi dois olhos tão bonitos
Que até sujeitei meu pingo,
A flor continuou sorrindo
Já me apresentei também!
E até hoje ela me tem
É a dona dos meus carinhos
Pois quem se cria sozinho
Não quer viver sem ninguém.

E pelas mãos do destino
Vejo o tempo soberano
Refletir num sobre-ano
Que retoça em frente “as casa”
Ah!o tempo bateu asas
Meu filho encurta distâncias
E brincando em frente a estância
Sem querer ainda consegue
Fazer que seu pai se enxergue
Pelas frestas da infância.

Zeca Alves

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