Quando os Versos Ganham Asas




Por onde andarão os versos
Que escrevi  nas madrugadas,
Quando a aurora da vida
Chegava batento cascos
Levando o tempo por diante
Como quem pecha um ventena,

Com ar de quem se garante
Na roseta da chilena
Como quem  salta por fula
Surrando em passo de chula
Quando a vida se apequena

Como  aves emplumadas
Que ao voarem deixam  ninhos,
Meus versos ganharam asas
E alçaram vôo das casas
Imitandoos passarinhos

Às vezes, quando mateio,
Fico mirando a boieira
Que ao longe me pisca o olho
Como uma prenda faceira,

Então pergunto, por onde
Andarão meus versos potros,
Parece que ela responde
Que assim como tanto outros,
Se entropilharam a lo largo   
Pra correr nas pradarias
Com sede de liberdade
E ganas de sesmarias



E eu que pensava que os versos
Fossem  mansos de buçal,
Sujeitos, pelos piquetes
Ficassem lambendo sal...
Que pucha! Gasto nas noites
As salinas que há em mim,
Brotando densas vertentes,
Meus olhos formam torrentes
Que parecem não ter fim

Então reviro gavetas
Buscando antigos rascunhos,

Encontro frazes esparsas,
Como plumagens de garças
Que ficam por testemunho

De que algum dia estiveram
Como aves migratórias
Numa estação em que a vida
Florescia em primavera
Toda semente nascia
Toda flor era uma espera
De frutos povoando os campos
Pra nunca existir tapera

Assim cruzo minhas noites
A procura de respostas
Cada pedaço de verso
É uma parte das apostas
Que fiz em tempos de moço,
Com sentimento profundo
Na ancestral filosofia
De que somente a poesia
Poderá mudar o mundo

Meus anos, a trote largo,
Lá se vão, já bem distante,
Acolherei  experiências
Que hoje me servem bastante





Tentei  erguer alguns ranchos
Sobre areias movediças
E fiar com falsos velos,
Os fios de falsas premissas;
Tentando colher searas
Lancei  sementes aos ventos
Pequei pela ingenuidade
E só colhi tempestade
E machuquei sentimentos

Caso as respostas não venham
Já não me faz diferença;
Por mais que os versos contenham
De uma forma muito intensa
O que me foi mais querido,
O que me foi mais sagrado,
O que me foi mais sofrido,
O que me foi mais amado,

Porque cada sentimento
Vai refletir seu momento
Num mesmo tempo: O passado!

Apenas peço permisso
Ao Supremo Criador,
Que os meus versos sigam livres
Chegando, seja onde for,
Jamais se verguem ao jugo
De patrão ou de senhor,

Que sejam flechas certeiras
No alvo das injustiças,
Sejam lanças matadeiras
Pra muitas caras postiças
Que não coram de vergonha
E nem choram por piedade

Que sob a força da cruz,
Tendo a benção de Jesus,
A poesia seja a luz
Pra guiar a humanidade !
Sebastião Teixeira Corrêa

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