Quando a alma encilha um verso

Autor: Élson Lemos
Intérprete: Jadir Oliveira
Amadrinhador: Giancarlo Almeida

Andei por tantos lugares nos labirintos da vida,
campeando estrada, distância, rumo, raiz e razão...
...juntei amigos, amores, silêncios
e cicatrizes aos amargos
madrugueiros que me adoçam auroras
e abandonei as esporas, nalgum canto do galpão.

Hoje o pingo que monto é o puro sentimento
é a palavra em movimento
num verso que a alma encilha,
levando várzea, coxilha, arroio, sanga, açude
ou talvez a lida rude que se estende na invernada,
numa tropa encordoada...
...sobre a folha de papel.

O verso que a alma encilha vai preenchendo vazios,
corre ao compasso de rio, com silencio de vertentes,
fala de amores ausentes, de sonhos e desenganos,
da história e de momentos que a memória não apaga,
assim segue sua saga,
pela paisagem sulina inundando tantas retinas...
...cacimbas dos sentimentos.

No verso que a alma encilha,
corcoveia um redomão
é o bater do coração de quem gineteia a "pena"
quando a ilusão pavena peala de toda a trança
no potreiro das lembranças...
...uma saudade morena.

Sei que esse verso me leva onde jamais chegarei,
e o sonho que sonhei, ganhou vida no papel,
descrevendo terra, céu, a noite e a lua sinuêla
ou talvez tropas de estrelas na imensidão do universo,
quando a alma encilha um veso,
o sonho sai campo à fora e vai além das porteiras.

E quando eu alçar a perna pra estancia do infinito,
este verso, tal qual o grito de um guerreiro legendário,
ecoará pelas coxilhas e mesmo na minha auxência,
será a voz da querência, falando de amor a terra,
cruzadas de paz e guerra, saudades e solidão...
...porque o verso é uma semente
irrigada pela vertente onde flui a inspiração.

O verso que a alma encilha
é campo, estrada e lida, é alívio pras feridas,
é peleia por melhor sorte,
o verso que a alma encilha
é chegada, é partida, é apologia à vida...
...que vai transcender a morte!!!

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